O Beijo

Seus lábios encostaram um no outro.

E por aqueles breves segundos, Sedrywen se sentiu segura. Seu peito esquentava enquanto sentia o pulsar do coração de Zanshin. O macio da língua do tamuriano roçava delicadamente na sua língua de elfa. O universo naquele momento era só eles. O tempo parou para que eles pudessem apreciar um ao outro. Nem mesmo os deuses seriam capazes de atrapalhar. Nem Glórienn nem Lin-Wu eram importantes o suficiente ali.

Zanshin não pensava em nada, o que não era incomum, mas naqueles preciosos segundos, seria incapaz de pensar mesmo que tentasse. Era capaz de sentir, no entanto. Sentia os braços de Sedrywen apertando contra seu corpo. Sentia os lábios doces da elfa, que há muito desejava experimentar, pressionando os seus. Não sentia seus pés tocando o chão, porque estava nas nuvens, e se pudesse pensar naquela hora, desejaria jamais descer ao solo novamente.

A elfa respirava e perdia o fôlego com a mesma facilidade. Não achou que seria capaz de se sentir assim de novo, nunca. Nada era mais importante do que aquele homem naquele momento, nada era mais precioso. Nada era mais certo e nada era mais justo no mundo. Desejou por tanto tempo sentir o corpo do humano contra o seu, e agora era capaz de ver que era tão melhor, tão mais acolhedor do que ela esperava.

O samurai, que passou sua existência inteira meditando e aprendendo sobre honra, sobre autoconhecimento e disciplina de repente se via enfeitiçado pelos seus sentimentos. Sabia o que era amor, pois amava sua pátria, seu Deus-Pai, seus companheiros, mas muito mais do que isso, amava estar ali, amava beijar a elfa. Sentiu o sangue ficar rarefeito em sua cabeça e correr para seu peito e sua virilha. “Se morresse agora”, pensaria depois, “morreria feliz e nada mais importaria”.

Sedrywen chegou ainda mais perto, pressionando seu estomago contra o de Zanshin. Sentia o carinho da mão do companheiro atrás de sua cabeça e em sua cintura. Uma vida dedicada à causa élfica e ela acabara se apaixonando por um humano. “Mas não é assim que as grandes histórias acontecem?”. Ao menos sabia que a barda do grupo teria sobre o que cantar no futuro.

E os dois dançaram sem tirar os pés do chão. Suas cabeças e mãos se moviam em sincronia íntima. Cada um queria dar o melhor de si para o outro. Cada um queria se dar ao outro. Zanshin amava Sedrywen. Sedrywen amava Zanshin.

Os lábios se separaram. E o tempo voltou a correr.